O exercício da leitura é um ótimo estímulo para o cérebro, pois ativa a criatividade, o raciocínio e, principalmente, a imaginação. Na literatura contemporânea, há obras que se popularizaram justamente por conta da possibilidade de fazer o leitor viajar para universos paralelos. É caso de Harry Potter; Dom Quixote e O Senhor dos Anéis. Em comum, esses enredos mágicos foram publicados em partes, por isso, são chamados de livros em série.
Os primórdios das obras em série
A ideia de contar uma história em partes começou entre os séculos 13 e 14 com As Mil e uma Noites. Cada narrativa é interligada a outra e tem um final que instiga a leitura do trecho seguinte. Na famosa obra árabe, rei Périsa, da Pérsia, é traído pela esposa e ordena a execução dela. Desse ocorrido em diante, o rei decide passar cada noite com uma mulher diferente, mas todas elas têm um final trágico, exceto Sherazade, que escapa e decide iniciar os contos.
As Mil e uma Noites ficou conhecida no Ocidente pelo orientalista (especialista em estudos orientais) francês Antoine Galland. O livro ganhou diversas adaptações, a mais recente delas se baseia nas traduções de Sir. Richard Burton e de Andrew Lang.
Outro exemplo de obra em série é A Divina Comédia, de Dante Alighieri, escrita no início do século 14. É uma narrativa em versos dividida em três partes e o autor é o narrador e o protagonista. Na história, Dante é guiado pela alma do personagem Virgílio e atravessa o inferno, o purgatório e o paraíso, onde encontra a alma de Beatriz, personagem idealizada pelo autor.
Na literatura contemporânea, podemos citar como exemplo de romance em série a coleção Nova Revolução Humana, de autoria de Daisaku Ikeda. Com trinta volumes, já foi traduzido para 13 idiomas e lançado em 23 países. O autor, que usa o pseudônimo Shin’ichi Yamamoto, iniciou a série em 6 de agosto de 1993 e a finalizou em 8 de setembro de 2018, após 25 anos de dedicação à obra.
Cenas do próximo capítulo
Aqui no Brasil o primeiro romance publicado em partes foi O Capitão Paulo, de Alexandre Dumas, em 1838. Tratava-se de um folhetim, pois os trechos eram impressos em jornais. Na época, o acesso à leitura era para poucos e os autores encontravam dificuldades para lançar a obra completa. Foram os folhetins que popularizaram a leitura no país e abriram caminhos para os escritores nacionais.
O interesse do público por narrativas seriadas gerou grande impacto cultural não somente na literatura mas também na televisão. Um exemplo disso são as novelas, que contam com vários episódios, têm uma narrativa rápida e emocional e despertam a curiosidade para o próximo capítulo.
Gostinho de quero mais
Os livros em série conquistam cada vez mais leitores porque permitem contar histórias mais completas e acompanhar um personagem conforme o tempo e o amadurecimento de ambos, do personagem e do leitor. No Brasil, eles ajudaram a criar uma ampla cultura que se reflete até hoje em obras, novelas e demais materiais culturais. E você, já leu uma série que te marcou? Se não ou se faz tempo, fica o convite para vivenciar esta experiência.